ENTREVISTA COM TERESA FIÚZA - Vice-Presidente da Portugal Ventures

01/04/2024

"A Inteligência Artificial já faz parte do nosso dia-a-dia"

Qual é o papel das start-ups na transformação das atividades do setor do retalho organizado? Ou seja, como encaram o pressuposto da inovação neste ecossistema?

As startups trazem para o mercado formas inovadoras e por vezes disruptivas de resolver problemas de várias indústrias, seja pela tecnologia envolvida, utilização de produtos inovadores ou até formas de distribuição alternativas. Têm a capacidade de olhar para os processos já instituídos por um outro prisma e apresentam novas soluções que permitem melhorar a eficiência e a produtividade dos negócios. Muitas destas soluções têm aplicação prática no setor do retalho organizado, dando como exemplos a sustentabilidade e poupança energética, a alimentação alternativa, a criação de conteúdos lúdicos, formas de comunicação, captação e retenção de clientes, etc.

Quais são os principais desafios que as start-ups de tecnologia enfrentam no desenvolvimento de plataformas não apenas para o retalho, mas também para estas realidades multifacetadas que são os centros comerciais?

Um dos principais desafios, que procuramos ajudar a resolver através do protocolo celebrado entre a Portugal Ventures e a APCC é o acesso aos decisores das empresas associadas da APCC, para que as startups do nosso portefólio possam divulgar os seus produtos e serviços.

 A partir daí será mais fácil resolver os desafios inerentes a uma startup: conseguir validação via provas de conceito e vendas realizadas a instituições de referência.

Como é que as tecnologias digitais e as respetivas empresas, podem ajudar a envolver mais as comunidades com os ecossistemas de retalho e serviços?

O setor do retalho atravessa atualmente grandes desafios quer pela subida dos preços, quer pela tipologia de consumidor, que é hoje cada vez mais informado e exigente, quer pela concorrência, que é enorme. Neste sentido, as tecnologias digitais podem ter um papel primordial na forma como comunicam com os consumidores, desenvolvendo marcas de proximidade e captando os resultados, recorrendo a indicadores cada vez mais complexos e menos invasivos. Estas inovações são, posteriormente, determinantes na diferenciação da concorrência, atuando diretamente na produtividade do setor. 

Um primeiro passo foi a apresentação feita aos associados da APCC, como tivemos oportunidade de fazer no passado dia 6 de março, no Centro Comercial Amoreiras, com um conjunto de empresas do nosso portefólio. Ficaram contactos feitos e portas abertas, para que se possa construir em conjunto.

Este evento foi uma montra para que as nossas startups pudessem demonstrar o que de melhor fazem e o seu valor acrescentado para o setor do retalho. Queremos continuar a dinamizar estes encontros e a promover a capacidade inovadora do nosso portefólio, reforçando a sua importância para o desenvolvimento do ecossistema empreendedor. 

Duas caraterísticas importantes das startups são a sua flexibilidade e agilidade, que lhes permitem ter a capacidade para adaptar soluções à medida dos seus clientes, o que facilita a sua ligação ao ecossistema de retalho e serviços.

Neste intercâmbio, as empresas mais maduras beneficiam de informação sobre inovação: no mercado em que operam e nos mercados de interesse; ganham formas alternativas de solução de problemas atuais e comungam do espírito irreverente, resiliente e fresco que carateriza as startups em geral. E, não menos importante, permitem aos seus colaboradores o contacto próximo com o mundo empreendedor, o que pode ser um fator de captação e retenção de talento.

Na perspetiva de quem dinamiza o empreendedorismo e a inovação, conseguiria fazer um exercício de perspetivar como esta realidade - do desenvolvimento e alavancagem das start-ups - irá estar daqui a 20 anos? 

É um exercício difícil, que depende de vários fatores internos e externos.

O que podemos constatar é o crescimento notável que o ecossistema empreendedor tem tido em Portugal na última década, muito ajudado pela qualidade dos nossos empreendedores, da academia, das infraestruturas criadas, do desenvolvimento da rede de incubadoras e aceleradoras, da proficiência em inglês, da multiculturalidade e da mentalidade dos nossos founders, que têm no mundo o seu mercado, não se cingindo a Portugal ou à Europa. Estas são caraterísticas valiosas, que me levam a ser otimista quanto ao desenvolvimento do ecossistema nacional nos próximos anos.

Desejavelmente, o mundo corporativo estará cada vez mais envolvido no ecossistema empreendedor, ajudando as startups a validarem os seus produtos e serviços e a chegarem ao mercado, enquanto beneficiam das suas descobertas e tecnologias. 

No seguimento da resposta anterior, será que iremos assistir ao crescimento exponencial de áreas atualmente desconhecidas que irão emergir do universo da Inteligência Artificial, como alguns autores atualmente referem?

A Inteligência Artificial já faz parte do nosso dia a dia, estando presente em muitas soluções que utilizamos. Vejo essa evolução a acontecer, a solidificar-se e a desenvolver-se em nichos até há pouco tempo seriam improváveis, como é o caso da saúde. Precisamos para tal, que a regulação seja eficaz e que leve a uma utilização responsável dos desenvolvimentos e utilizações da Inteligência Artificial. É preciso que todos trabalhemos para que este sistema seja seguro e credível e para que o equilíbrio de poderes prevaleça.

Sobre a Portugal Ventures: 

A Portugal Ventures, sociedade de capital de risco que integra o Grupo Banco Português de Fomento, tem sob gestão 272,3 milhões de euros e 153 empresas no portefólio. Investe em startups que criam soluções inovadoras, com capacidade de internacionalização, nas áreas de Digital & Tecnologia, Indústria & Tecnologia, Tecnologias da Saúde e Turismo, nas fases pre-seed, seed e series A. Desde 2012, a Portugal Ventures já investiu 199 milhões de euros em 209 novas empresas. Para saber mais, visite www.portugalventures.pt. 

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